Técnica literária: nó borromeano

O texto a seguir é uma compilação de trechos do artigo que relaciona os estudos de Lacan e Pêcheux sobre a língua e os equívocos do sentido, e que pode ser lido na íntegra aqui.

"No campo da psicanálise, no Seminário 22 – RSI (1974-75), Lacan se dedica à questão dos três registros que compõem o funcionamento da cadeia significante. Referimo-nos, aqui, aos registros do real, do simbólico e do imaginário (na notação lacaniana, RSI). A teoria lacaniana do RSI sustenta-se na notação do nó borromeano, um nó feito de três círculos, onde os três registros entrelaçam-se e coexistem, em relação de dependência direta entre si, ou seja, um não pode existir sem o outro, como se observa no esquema abaixo:

O real, o simbólico e o imaginário não são homogêneos nem equivalentes. Explicamos melhor: Não são homogêneos porque não possuem a mesma função, não têm a mesma constituição e, por essa razão, não se equivalem. Não são equivalentes porque um não substitui o outro; cada um tem sua especificidade e os três têm que ser trabalhados sempre em conjunto, daí a não preponderância. Acrescente-se que cada registro tem sua marca peculiar (o real é o impossível de dizer; o imaginário, aquilo que é do campo da fantasia/fantôme, e o simbólico é o que marca o campo da linguagem)".

Sendo R = o real, I = o imaginário, e S = o simbólico, "a" será o objeto, imaginemos uma produção artística na qual "a" seja uma mensagem secreta proposta por alguém e que resiste a uma chave de sentido, e que cada erro de interpretação é ao mesmo tempo uma verdade própria de cada personagem na história. Cada caminho leva a um novo caminho, e a história parece não ter fim.
 

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